Como transformar dados em informação?

Na Era Digital, os consumidores não resistem em compartilhar alguns de seus dados para customização dos serviços, obtenção de ofertas, ou mesmo viabilizar um produto tecnológico.

Afinal, para fazer o uso gratuito de plataformas como WhatsApp, Facebook, Google ou qualquer produto “grátis”, é necessário visualizar anúncios que foram segmentados especialmente para aquele usuário.

Se no mundo dos negócios “não existe almoço grátis”, no mundo tecnológico, se alguma coisa é grátis é porque você e seus dados são o produto. E, não custa lembrar, a definição de dados como informações brutas. Ou seja: informações são dados tratados, que permitem tirar alguma conclusão.

Para as empresas o maior desafio é transformar todos os dados em informações relevantes e úteis para os negócios? Neste artigo, vamos sugerir alguns passos para auxiliar sua empresa a extrair o máximo dos dados coletados.

Por que você precisa transformar dados em informações?

Ao transformar dados em informação, sua empresa dá um passo definitivo em direção a uma atuação estratégica data-driven. Ou seja, com uma melhor tomada de decisão, capaz de levar seu negócio mais rapidamente a suas metas.

Desse modo, a sua empresa não apenas coleta dados por coletar. Afinal, isso é justamente alimentar o big data com dados estruturados e não-estruturados — que, na prática, pouco significam.

Quando falamos em transformá-los em informações, falamos justamente de torná-los “pedaços” de inteligência que vão compor sua estratégia futura (seja no curto, médio ou longo prazo).

Por exemplo, sabia que empresas data-driven (direcionadas por dados) são 23 vezes mais propensas a conquistar clientes, de acordo com estudo da McKinsey?

Além disso, outro estudo, dessa vez da BARC, comprovou que organizações que utilizam o big data corretamente conseguem aumentar seus lucros em 8%, bem como reduzir os custos em 10%.

E a sua empresa, quer fazer parte dessas estatísticas também, certo? Então entrar na era da transformação digital e se aproveitar dos dados é essencial.

Que tal aprender como? Confira nosso passo a passo para sua empresa transformar dados em informação estratégica e valiosa!

1º passo: Desenvolva uma cultura Data Driven

O primeiro passo para tornar seu negócio movido a dados é, justamente, criar uma cultura data-driven. Ou seja, uma mudança que não apenas impacte as ferramentas e processos, mas também a mentalidade.

Como fazer isso? Bom, há várias maneiras, mas talvez a principal seja revisando a sua relação com tecnologias e dados.

Hoje, os dados já são protagonistas da sua operação? Existe um ecossistema de ferramentas que os coleta? Há uma integração desses dados e capacidade para processá-los?

Perguntar-se questões desse tipo vai ajudar seu negócio a definir uma cultura data-driven.

2º passo:  Defina uma estratégia

Coletar e armazenar dados tem se tornado cada vez mais barato, mas quanto maior a quantidade, maior o custo mensal para mantê-los. É preciso traçar uma estratégia de quais informações são necessárias para medir seus indicadores-chave de desempenho.

Independente do seu ramo de atuação, dados como sexo, idade, local de residência, produtos ou serviços adquiridos e interações realizadas nos diversos canais de relacionamento são um bom começo.

Com eles é possível traçar perfis de consumo, estabelecer níveis de satisfação em cada estágio do funil de vendas, bem como estreitar o relacionamento e prever tendências de consumo para cada segmento.

As soluções de gestão de relacionamento com o consumidor, mais conhecidas como CRMs, fazem um bom trabalho nessa organização e manipulação dos dados.

3º passo: Defina as fontes de dados

Você pode obter dados de praticamente todos os sistemas digitalizados que utilizar, seja um CRM simples ou um ERP robusto que integra todo negócio.

Em geral, você pode encontrar dados de fontes como:

  • Ferramentas de analytics, como o próprio Google Analytics;
  • Ferramentas de gestão, como CRMs e ERPs;
  • Pesquisas de mercado, como benchmarkings, pesquisas de satisfação (Net Promoter Score, por exemplo), entre outros;

O ideal é, antes de tudo, identificar quais as ferramentas necessárias para o trabalho de cada setor da sua empresa. Pergunte aos líderes de setor quais os sistemas necessários e, com uma lista em mãos, entenda suas funcionalidades e quais dados eles proporcionam.

Se você puder utilizar sistemas da mesma desenvolvedora (ou com integração assegurada), é mais fácil de integrar os dados e processá-los em informações valiosas.

4º passo: Cruze as bases de dados para agregar valor

De nada adianta investir em tecnologia se ela não agregar valor ao seu negócio.

Um bom exemplo dessa integração foi feito pela equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, MDSA, responsável pelo programa Bolsa Família do Governo Federal.

Para realizar um pente fino nos beneficiários do programa, as informações foram cruzadas com seis bases de dados governamentais:

  • Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)
  • Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi)
  • Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
  • Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ)
  • Relação Anual de Informações Sociais (Rais)
  • Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape)

O resultado: mais de 1 milhão de beneficiários irregulares foram identificados e suspensos do programa. Uma economia considerável e alto valor agregado pela tecnologia ao segmento Governo.

5º passo: Automatize as respostas

O segmento de varejo vem se destacando na automatização de respostas, com tempo cada vez menor entre o processamento dos dados e a reação. Adotar um sistema de gestão integrado permite monitorar vários indicadores, adotando respostas imediatas e melhorando a eficiência geral da empresa.

Um bom exemplo são as demandas sazonais, como a venda de repelentes nos períodos quentes e chuvosos, em que os mosquitos se proliferam com mais facilidade.

Ao acompanhar, quase em tempo real, os estoques de suas unidades, o que antes eram dados de produtos vendidos e unidades disponíveis em cada filial, se torna uma poderosa informação estratégica, tanto para o vendedor, quanto para o fornecedor.

Lembre-se que o consumidor precisa e vai adquirir o repelente, seja na sua loja ou no concorrente, e se o produto do fornecedor não estiver disponível ele vai adquirir outro similar. Garantir que o produto não esteja em falta é bom para todos.

Tudo isso sem contar no aumento do poder de barganha, junto aos fornecedores e distribuidores, uma vez que as compras podem ser unificadas para todas as unidades, diminuindo o custo unitário de aquisição.

6º passo: Eficiência e produtividade

Se você seguir os quatro passos anteriores, certamente vai otimizar seu processo e melhorar a eficiência e produtividade da sua operação. Ao fazê-lo, diminuirá o desperdício de dois recursos escassos em qualquer companhia: tempo de trabalho e dinheiro.

No dinâmico mercado em que vivemos, não há tempo para preencher planilhas, que depois precisam ser consolidadas e ocupam bastante o tempo dos gestores. 

Aproveite o poder das informações e trabalhe cada vez melhor os dados que sua companhia coleta.

7º passo: Crie uma política alinhada à LGDP

Por fim, lembre-se que existe uma legislação própria para assegurar a proteção dos dados pessoais de seus clientes.

No Brasil, a LGPD entrou em vigor de forma completa em 2021 e já existem empresas correndo contra o tempo para se adequar às diretrizes.

Afinal, diante de falhas de segurança ou não-conformidade com a lei, as multas podem ser pesadas, chegando a valores de até 2% do faturamento anual da organização.

Ou seja, evitar esse cenário é essencial, concorda?

É por isso que, junto com o desenvolvimento de uma cultura data-driven, é necessário criar uma política alinhada à LGPD.

Desenvolver processos que garantam não apenas a integridade, mas o consentimento dos clientes para a coleta de seus dados é essencial.